dezembro 16, 2008

"Free Market" à portuguesa


ou mais uma falta de "regulamentação" e supervisão:

Óscar Silva, convidado em 1998 por Oliveira e Costa para organizar e pôr em funcionamento a sociedade financeira para aquisição de crédito do BPN, a Créditus, foi obrigado a demitir-se três anos depois, após uma auditoria que detectou um rombo de dezenas de milhões de euros e que revelou relações perigosas com o mundo do futebol.

Na tentativa de obter parte do crédito malparado foram intentadas acções a dezenas de clientes angariados pela Créditus, percebendo-se que os carros, terrenos e bens nem existiam. Com alguns dos credores fez-se todavia acordos extrajudiciais, como no caso de figuras como Joaquim Pinheiro e Rui Pinheiro, irmãos de Reinaldo Teles, ou os empresários de jogadores Rui Neno e Nelson Almeida.

Apesar da dimensão das irregularidades graves detectadas, só em 2003, decorridos mais dois anos, é que o banco assinou um acordo com o ex-quadro Óscar Silva (...) comprometeu-se a devolver bens e posições na ordem dos 25 milhões de euros, dos quais entregou, de facto, uma pequena parte. Oliveira e Costa deu-se por satisfeito e tudo foi abafado, até administrações recentes do banco terem deparado com uma séria incrível de negócios ruinosos e mais do que suspeitos.

Economista brilhante, estudante de boas notas, Óscar Silva atraiu a atenção de Oliveira e Costa pelo modo como desenvolveu o banco de crédito ao consumo Credifin, com sede no Porto. Mas na altura da sua demissão ficaram expostas centenas de contratos de crédito fictícios ou completamente incobráveis. Isto além de um crédito a si mesmo de montante superior a 600 mil euros para comprar a sua moradia na Foz, que por sinal foi depois adquirida por uma sua empresa imobiliária sem qualquer hipoteca ao BPN.

Foi também do BPN que saiu um milhão de euros para a Internacional Foot, cujos sócios compraram depois o Corinthians Alagoano. Mais tarde venderam-no a António Araújo, o empresário envolvido no ‘Apito Dourado’.

Óscar Silva, o economista que Oliveira e Costa foi buscar à Credifin para fundar no Porto, em 1998, a BPN- Créditus, esteve em Inglaterra com alguns amigos a assistir a uma prova de automobilismo viajando no jacto privado do BPN. Para animar a viagem fez-se uma escala num país do Leste para recolher prostitutas. 

Este é um dos episódios mais ilustrativos das irregularidades que, até 2001 – altura em que o economista foi obrigado a demitir--se e a celebrar um acordo comprometendo-se a devolver parte do dinheiro desviado – lesaram o banco em dezenas de milhões de euros. Por esses tempos, Óscar Silva, inebriado com os lucros fáceis que lhe permitiam fazer fortuna pessoal, reunia os parceiros da Administração da BPN-Créditus em casas de alterne portuenses, em memoráveis noitadas que animaram boîtes como o Calor da Noite ou a Taverna do Infante, à época propriedade do seu amigo Reinaldo Teles.

Mais um triunfo do "Free Market"


"The former chairman of the Nasdaq stock market has been arrested and charged with securities fraud, in what may be one of the biggest fraud cases yet."

"Bernard Madoff ran a hedge fund which ran up $50bn (£33.5bn) of fraudulent losses and which he called "one big lie", prosecutors allege. Mr Madoff is alleged to have used money from new investors to pay off existing investors in the fund."

"New Jersey Gov. Jon S. Corzine said political opposition to regulation allowed Bernard Madoff to lose as much as $50 billion of his clients money.

Corzine, a Democrat and former chairman of Goldman, Sachs & Co., called the losses "astonishing." Those in charge of oversight and enforcement "didn't believe in regulation in any serious way," Corzine said today.

"The question arises: How did this happen?
The answer is quite simple: Madoff’s investment firm was allowed to operate for 2 years without regulation from the SEC."

"Here’s a thunderbolt: There’s no such thing as a “free-market economy.” What does the “free” part of it mean? I have found no convincing explanation.

Every financial system requires rules and regulations to function. The PR coup of the “free-market economists” is that they managed to convince the American public that only little people need rules."

"As falhas que levaram ao actual desastre não foram apenas dos supervisores - foram sobretudo da deliberada ausência de regulação". - Francisco Sarsfield Cabral, PÚBLICO, 15-12-2008

dezembro 08, 2008

Bloco Central

Dias Loureiro, transferido do governo para o BPN, e Jorge Coelho, transferido do governo para a Mota-Engil, conseguiram por de parte as diferenças partidárias para investirem em conjunto numa empresa. Empresa essa agora envolvida em fraude fiscal:
http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1055191

"Dias Loureiro e Jorge Coelho garantem que desconheciam totalmente as irregularidades cometidas pelos gestores do Fundo Alcântara e estão determinados em demarcar-se dos responsáveis pelas alegadas irregularidades."
(Tal como no BPN, Dias Loureiro desconhecia totalmente as irregularidades. É um distraído este Loureiro)

"O problema detectou-se mais tarde, ou seja, o fundo terá sido financiado através de imóveis adquiridos com reembolsos ilícitos de IVA."

"Jorge Coelho afirma ter-se limitado a comprar "uma mera participação financeira no valor de 100 mil euros".
(ou seja, para Coelho, 100 mil euros são uma mera participação. Trocos)

Louve-se a aliança entre o bloco central, que não é só na partilha de poder a única ocasião em que vê oportunidade de colaboração.

dezembro 07, 2008

Praxe culpada

Piaget condenado a pagar 40 mil euros a aluna vítima de praxe

Primeira indemnização decidida pelo tribunal contra escolas e a favor de estudantes humilhados em praxes

"O acórdão agora conhecido afirma mesmo que "mal andou o tribunal [de Macedo de Cavaleiros]" ao afirmar que "as praxes académicas constituem um fenómeno público e notório e do conhecimento geral", uma vez que tal "não permite concluir que autora [a aluna] ou qualquer cidadão comum conheça o teor dessas práticas: como simular actos sexuais com um poste, simular um orgasmo, exibir a roupa interior, proferir expressões de elevada grosseria ou ser chamado de bosta". "

Metro do Porto

no público:

"O anúncio desta mudança, que será conhecida em pormenor nas próximas semanas, acabou por ser antecipado pela empresa, que ontem foi confrontada com queixas de sobrelotação no primeiro horário da manhã, no qual tem a operar, no sentido Póvoa-Porto um veículo simples, com capacidade para 216 pessoas, 136 das quais viajam de pé.

No blogue da comissão de utentes daquela linha são relatados três casos de desmaio ocorridos nas últimas semanas. Situações que a Metro do Porto diz já conhecer, não as considerando anormais em relação ao que habitualmente acontece em toda a rede, onde todas as semanas há registo de casos de problemas de saúde com clientes"

Não sei o que é pior: A Metro dizer que desmaios por sobrelotação são uma situação normal, ou a Metro responder à denúncia da existência desses desmaios com  o argumento "todas as semanas há registo de casos de problemas de saúde com clientes" como se isso desculpasse alguma coisa.

Blog da Comissão de Utentes: