ou mais uma falta de "regulamentação" e supervisão:
Óscar Silva, convidado em 1998 por Oliveira e Costa para organizar e pôr em funcionamento a sociedade financeira para aquisição de crédito do BPN, a Créditus, foi obrigado a demitir-se três anos depois, após uma auditoria que detectou um rombo de dezenas de milhões de euros e que revelou relações perigosas com o mundo do futebol.
Na tentativa de obter parte do crédito malparado foram intentadas acções a dezenas de clientes angariados pela Créditus, percebendo-se que os carros, terrenos e bens nem existiam. Com alguns dos credores fez-se todavia acordos extrajudiciais, como no caso de figuras como Joaquim Pinheiro e Rui Pinheiro, irmãos de Reinaldo Teles, ou os empresários de jogadores Rui Neno e Nelson Almeida.
Apesar da dimensão das irregularidades graves detectadas, só em 2003, decorridos mais dois anos, é que o banco assinou um acordo com o ex-quadro Óscar Silva (...) comprometeu-se a devolver bens e posições na ordem dos 25 milhões de euros, dos quais entregou, de facto, uma pequena parte. Oliveira e Costa deu-se por satisfeito e tudo foi abafado, até administrações recentes do banco terem deparado com uma séria incrível de negócios ruinosos e mais do que suspeitos.
Economista brilhante, estudante de boas notas, Óscar Silva atraiu a atenção de Oliveira e Costa pelo modo como desenvolveu o banco de crédito ao consumo Credifin, com sede no Porto. Mas na altura da sua demissão ficaram expostas centenas de contratos de crédito fictícios ou completamente incobráveis. Isto além de um crédito a si mesmo de montante superior a 600 mil euros para comprar a sua moradia na Foz, que por sinal foi depois adquirida por uma sua empresa imobiliária sem qualquer hipoteca ao BPN.
Foi também do BPN que saiu um milhão de euros para a Internacional Foot, cujos sócios compraram depois o Corinthians Alagoano. Mais tarde venderam-no a António Araújo, o empresário envolvido no ‘Apito Dourado’.
Óscar Silva, o economista que Oliveira e Costa foi buscar à Credifin para fundar no Porto, em 1998, a BPN- Créditus, esteve em Inglaterra com alguns amigos a assistir a uma prova de automobilismo viajando no jacto privado do BPN. Para animar a viagem fez-se uma escala num país do Leste para recolher prostitutas.
Este é um dos episódios mais ilustrativos das irregularidades que, até 2001 – altura em que o economista foi obrigado a demitir--se e a celebrar um acordo comprometendo-se a devolver parte do dinheiro desviado – lesaram o banco em dezenas de milhões de euros. Por esses tempos, Óscar Silva, inebriado com os lucros fáceis que lhe permitiam fazer fortuna pessoal, reunia os parceiros da Administração da BPN-Créditus em casas de alterne portuenses, em memoráveis noitadas que animaram boîtes como o Calor da Noite ou a Taverna do Infante, à época propriedade do seu amigo Reinaldo Teles.