fevereiro 10, 2007

quem tem um filho, tem-no por gosto

http://mscleite.blogspot.com/2007/01/quem-tem-um-filho-tem-no-por-gosto.html

"deixo-vos a minha opinião.
votarei sim porque as minhas ideias fazem, para mim,
sentido suficiente para serem válidas"

texto de Mariana, sobre o referendo, por sugestão do PC, que infelizmente não pode votar neste referendo porque "a lei so irá afectar quem viver em território nacional"

fevereiro 09, 2007

Sim pela Vida

Sim Pela Vida.

A decisão de uma mulher em abortar será uma das mais difíceis que alguma vez terá que tomar. Sejamos verdadeiros: depois de tomada a decisão existirá alguém que acredite que o facto de isso poder ser ilegal irá afectar essa decisão? Já bastará a estigmatização e muitos outros factores sociais, económicos e sentimentais; a possível ilegalidade será certamente um factor menor.

Logo, a consequência da penalização do acto é óbvia – não diminui o número possível de abortos, não diminui o acesso ao aborto, apenas diminui as condições de saúde a quem o faz e o empurra para o vão de escada. É então importante que existam condições humanas para a IVG, que não seja um acto escondido – trata-se de assegurar a saúde dessas mulheres – da sua vida. Até porque não poucas vezes surgem complicações físicas e mentais que duram uma vida, que por vezes implicam até a perda da possibilidade de futuramente voltar a engravidar – vidas futuras que se perdem?

Existirá ainda alguém que na sua ingenuidade acredite que pode influenciar a vida de outra pessoa, influenciar o que fazer com o seu corpo? Que devido à minha ideologia, a rapariga de 15 anos a quem a quem a contracepção falhou seja obrigada a recorrer a uma clínica(?) clandestina em vez de ter as condições mínimas num hospital? Ou que uma mãe de um que vive em condomínio fechado obrigue a mãe de 5 que vive com menos que um salário mínimo a arriscar-se porque não pode ir a Espanha? Onde fica o respeito pela vida destas mulheres?

Porque é disto que se trata a lei actual: eu quero criminalizar quem faz algo contra as minhas morais – se alguém aborta deve ser penalizado. E o referendo não mais é do que sobre isto: deve uma mulher que recorre ao aborto ser considerada criminosa? Não é sobre a liberalização do aborto: esta já existe com o aborto clandestino, aí não existem limites como as 10 semanas. Não é o aborto que está em referendo, muito menos o direito à vida. Apenas: concorda com a despenalização da mulher? Abortos já existem e vão continuar a existir e não me parece que exista aconselhamento ou informação e apoio em casas clandestinas.

Se o não ganhar Domingo, não haverá por isso menos um aborto do que havia antes. Até porque como é obvio se o sim tiver maioria, não vai interferir com a ideologia de quem votou não (excepto talvez com quem deveria ser deontologicamente isento no primeiro lugar): podem continuar a ser pela vida à sua maneira. Mas não obriguem outros a morrer por isso.

Sim quero acabar com o aborto clandestino. Não quero acabar com o aborto clandestino.